A origem do “Sistema de Indicadores sobre a Juventude em Macau”

Os jovens são a esperança de um país e os donos da sociedade de amanhã. Os problemas dos jovens, tais como: crescimento, saúde física e mental e educação e emprego, são aspectos que afectam profundamente a prosperidade e o avanço de um país e da sociedade. Dado que os jovens estão numa fase especial da sua vida – estão em fase de amadurecimento, quer física, quer psicologicamente, não devem ser tratados como crianças. Porém, não possuem os direitos e o estatuto de um adulto (Conselho da Cooperação Económica da Ásia Pacífico da Organização das Nações Unidas, 1997; citação de Cheng Tek Kit 2004). Por isso, estão numa situação fragilizada e necessitam de enfrentar muitos problemas. A sua contribuição para o bem da sociedade ou para o mal desta, depende do tratamento adequado desses problemas (Cheng Tek Kit 2004). Assim, os países e regiões preocupam-se muito com o crescimento e desenvolvimento dos jovens. Por exemplo, na Austrália, foi estabelecido pelo governo um órgão independente para investigar especificamente diversas situações dos jovens (National Clearinghouse for Youth Studies), sendo publicado o estudo: o Estudo da Juventude da Austrália (The Hong Kong Federation of Youth Groups, 1997). A Direcção da Estratégia e Desenvolvimento Social do Ministério de Assuntos Sócio-económicos da ONU estabeleceu uma representação (Programme on Youth) que visa chamar a atenção da população para a situação da juventude, reunindo periodicamente para debater assuntos sobre a juventude, tais como: Relatório da Juventude Mundial 2005（www.un.org/youth）. Além disso, o Governo de Hong Kong estabeleceu o Conselho da Juventude que se dedica à recolha de informações sobre a juventude, estuda e promove a cooperação entre os órgãos ou as entidades privadas que se dedicam aos serviços sobre a juventude, publicando a revista de Estatísticas sobre a Juventude de Hong Kong, respectivamente, em 1988 e 1992.  As entidades sem fins lucrativas, tais como: a Associação da Juventude de Hong Kong (The Hong Kong Federation of Youth Groups) e Breakthrough efectuam regularmente estudos sobre a juventude, de modo a compreender o perfil e a situação actualizada dos jovens.

Quando se iniciaram os estudos relativos ao “Sistema de Indicadores sobre a Juventude em Macau”, muitos países e regiões já tinham criado o seu Sistema de Indicadores sobre a Juventude, bem como elaborado e, periodicamente, publicado relatórios. Além disso, também a região de Taiwan, China publicou o Livro Branco da Juventude (Comissão Promotora de Assuntos da Juventude do Conselho Administrativo, 94.º Ano da República); em Hong Kong, o The Hong Kong Federation of Youth Groups publicou, em 2002, o Relatório de Desenvolvimento da Juventude e o Estudo da Tendência de Desenvolvimento da Juventude; nos Estados Unidos da América, foi organizada, em 1994, a conferência sobre os indicadores do desenvolvimento das crianças (Indicators of Children’s Well-being Conference) e, a partir de 1997, começou a ser apresentado anualmente, pelo Governo, o relatório America’s Children: Key National Indicators of Well-being (The Boys’ and Girls’ Association of Hong Kong, 2007). O Centro Nacional de Estatística da Educação (National Center of Educational Statistics) dos Estados Unidos da América elaborou, em 1988, a primeira edição dos indicadores da Juventude (realizada por Fox, Connolly & Snyder, em 2005). Por outro lado, o Programa de Fiscalização da Saúde da Comunidade da União Europeia (Europe Community Health Monitoring Pogramme) apresentou, em 2002, o Indicador da Vida e Desenvolvimento da Saúde da Criança (The Child Health Indicators of Life and Development for Europe).

O Sistema de Indicadores sobre a Juventude é um instrumento e um método para avaliar a situação do desenvolvimento da Juventude, abrangendo vários níveis, sendo a sua parte mais importante a apresentação do perfil da Juventude de forma mais clara, precisa e completa que poderá servir os diversos sectores da sociedade e outras regiões em matéria de comparações. As grandes mudanças a nível mundial, quer política, quer económica, quer tecnológica, provocaram muitos impactos no crescimento e na vida dos jovens, de modo que a sociedade tem que elaborar as correspondentes políticas. Assim, para se adoptar novos planeamentos ou para se rever as actuais estratégias, os responsáveis do governo, aqueles que tomam decisões, os trabalhadores da área da educação e da assistência social necessitam de ser esclarecidos sobre a situação e as necessidades dos jovens. Desde modo, o Sistema de Indicadores sobre a Juventude fornece um conjunto de instrumentos sistemáticos para os que tomam decisões poderem conhecer plenamente os dados, a situação actual e a tendência de desenvolvimento da juventude, permitindo-lhes elaborar estratégias que correspondam melhor às necessidades dos jovens e ao seu desenvolvimento a longo prazo. Com este sistema, a situação da Juventude das diferentes regiões pode ser avaliada e comparada, tendo em vista a tendência da globalização.

Do mesmo modo, Macau também precisa deste Sistema para compreender a situação actual e as suas necessidades, de modo a concretizar as linhas de acção governativa da respectiva área, para que se crie uma sociedade com qualidade e haja uma ligação com o que se passa a nível mundial. As necessidades desta área são as seguintes: 1- Compreender com precisão a situação da Juventude através deste Sistema, de modo a elaborar o planeamento sobre jovens ou quadros qualificados, elevando a capacidade de competitividade de Macau a nível mundial, prosseguindo o conceito da linha de governação da RAEM – “Ter por base as necessidades dos jovens”. 2- Existem também problemas da juventude em Macau que necessitando de serem acompanhados estes problemas actuais dos jovens e as condições exteriores sobre o seu crescimento e prever a tendência de desenvolvimento. Só assim, é que se pode transformar o ambiente da sociedade e elaborar medidas correctivas, diminuindo as infracções praticadas pelos jovens. 3- Elevar o nível do ambiente da sociedade e do aspecto civilizacional de modo a acompanhar o desenvolvimento da indústria de jogo de Macau. Para isso, é necessário efectuar inquéritos sistemáticos sobre a situação actual e as estratégias juvenis, aproveitando as vantagens e eliminando as desvantagens, para que o conhecimento, a educação moral e a consciência cívica possam ser elevadas para um nível mais avançado, aumentando a qualidade da população. Só assim Macau pode progredir plena e constantemente. 4- Muitos países e regiões nos arredores de Macau que se encontram em nível semelhante de desenvolvimento económico e naqueles que pertencem à comunidade de cultura de confúcio, tais como: Japão, Coreia de Sul, Singapura, Hong Kong e Taiwan, China, já estabeleceram o Sistema de Indicadores sobre a Juventude, estando este sistema a ser preparado em Shangai, Cantão, Shenzhen. Simultaneamente, a UNESCO apela a outros países para implementar tal sistema, de forma a efectuar uma comparação a nível mundial. Isto quer dizer que Macau como cidade internacional com um cruzamento de culturas do oriente e do ocidente, tem que fazer este trabalho mais cedo ou mais tarde, devendo fazê-lo quanto mais cedo melhor (Cheng Tek Kit 2004). Por outro lado, sistemas semelhantes a estes já existem nos países ocidentais há mais de 10 anos, estando numa fase de amadurecimento e não numa fase de reflexão - “se deve implementar o sistema” e “quanto é que se deve investir”. O governo, as escolas, a população ou entidades comerciais consultam sempre os dados deste sistema quando elaboram estratégias ou fazem planeamentos (The Boys’ and Girls’ Association of Hong Kong). Para criar um melhor ambiente e mais oportunidades para os jovens de Macau e acompanhar o passo da modernidade, é necessário implementar um sistema da Juventude local de Macau.

Tendo em vista os factores mencionados, no Verão de 2001 a DSEDJ encarregou a Universidade de Macau de realizar o projecto de análise do “Sistema de Indicadores sobre a Juventude em Macau”. Em 2003, mais de um ano depois, a Universidade de Macau concluiu o estudo sobre os 80 indicadores pertencentes a 10 sectores e, posteriormente, apresentou o respectivo relatório.

Com base neste relatório, em 2003 o Conselho de Juventude de Macau criou uma equipa específica do “Sistema de Indicadores sobre a Juventude”, de forma a acompanhar o trabalho de recolha de informações e apresentar pareceres sobre o estudo dos diversos indicadores deste Sistema. Por sua vez, a DSEDJ também iniciou a primeira fase dos trabalhos de recolha de informações relacionadas com o mesmo Sistema. Os métodos de recolha de informações incidiam sobre dois aspectos: recolha de dados (dados estatísticos fornecidos pelos serviços e entidades públicos) e realização de inquéritos junto da sociedade (recolha de informações estatísticas através de inquéritos efectuados junto da sociedade). Esse trabalho dividiu-se em três fases, tendo a recolha de informações sobre os 80 indicadores sido concluída em 2006.

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